As Realidades de Um Pensamento*

Percorreu o longo passadiço de madeira, com os olhos fixados no mar.
Não via ninguém, embora estivesse rodeada de pessoas.
Parecia que o mundo tinha mudado, tal como ela.
- Rapunzel.
O seu coração parou por um momento.
Sabia muito bem, de quem era aquela voz.
- Flynn...
Ele caminhou na direcção dela com o sorriso encantador concebido unicamente para ela.
- Finalmente encontrei-te.
Rapunzel esforçou-se para conter a tristeza que se apoderava dela a pouco e pouco, mas nada podia impedir as lágrimas de lhe inundarem o rosto.
- Eu preciso que me digas o que se passa. - pousou as mãos na cintura dela - olha para mim...eu não te consigo ver assim, por favor explica-me o que é que aconteceu...- encostou os lábios ao ouvido dela - por favor...-pediu ele num sussurro.
Ela mordeu o lábio.
Sentia-se tonta...confusa...perdida.....
Ficou tudo escuro.
Quando voltou a abrir os olhos, deparou-se com sombras e luzes.
Estava tudo desfocado.
Sentia alguém a agarrar-lhe a mão com força.
- Rapunzel, consegues ouvir-me?
Pestanejou várias vezes e passou a outra mão pela cara.
- Flynn...
Fechou os olhos por um momento.
Tentou erguer-se um pouco e fixou o olhar no dele.
- Perdoa-me por te deixar preocupado...mas aconteceu tanta coisa...eu fiquei sem vontade de dormir e comer...e acabei sem forças...perdo...
Ele pousou o dedo sob os lábios dela.
- Não precisas de te sentir mal por me teres deixado preocupado...eu vou-me sempre preocupar contigo, quer tenha razões para o fazer ou não.
Ela sorriu e encostou-se a ele.
Sentiu a camisa perfumada, o corpo musculado, e o calor dele.
Era Flynn que mudava o mundo, ou pelo menos o mundo dela.
Ficar sem ele transformava a maneira como ela via cada coisa ao seu redor.
- Já não estava neste carro há tanto tempo- olhou à sua volta, e deteve-se num dos tapetes pretos- vejo que o meu tamparuere continua aqui- disse ela num tom alegre.
Ele riu-se ao de leve.
- Estava à espera que estivesses aqui para poder ouvir isso.
Ela riu-se.
- Conta-me tudo o que aconteceu na música -pediu ele.
- Eu acho que tu já sabes de tudo, praticamente.
- Não- pôs um ar brincalhão - ainda não me falaste sobre o exame de piano.
- Aam eu toquei as peças que tu já tinhas ouvido, menos o shostakovich, porque como foi a sorteio, saiu a outra do rachmaninoff...e bem..fui a única que passou no exame.
Ele ergueu as sobrancelhas.
- A única?
Ela acenou.
- Rapunzel eu já nem sei o que dizer - a voz perdeu-se no sorriso enorme que tinha no rosto- tu és tão talentosa.
Ela riu docemente.
- Como é que depois de tu conseguires algo tão impressionante, consegues estar triste?
Ela passou a mão pelos cabelos.
- Muita pressão...e.....
- E?
Ela suspirou.
- E tu.
Flynn franziu a testa.
- Como assim, eu?
Ela mordeu o lábio.
- Estar afastada de ti...eu sei que ambos estávamos e estamos cheios de trabalho, mas é impossível fazer tanta coisa sem o teu apoio, sem te ter ao meu lado a rir, a pegar comigo, a aconselhar-me, a reconfortar-me...mais ninguém é capaz de fazer isso da maneira que tu fazes...mais ninguém Flynn.
- Rapunzel...- abraçou-a - é tão dificil...
Ela agarrou-se ainda mais a ele deixando que as lágrimas voltassem a cair.
- Eu sei....
Ele olhou para ela e sorriu.
- Mas ainda bem que é assim, porque senão a nossa ligação ia ser um simples amor ou uma simples amizade como todas as outras.
Ela sorriu.
- Já não íamos poder contar esta história.
Ele passou a mão na cara dela.
- A nossa história.